Descobri que desde muito cedo eu gostava de escrever ,mantinha diários na casa da minha tia ,na de meus pais e no internato .Odiava quando alguém ameaçava minha privacidade e lessem sem a minha permissão ,aliás ,nunca deixava ninguém ler eram secretos e a mim pertenciam .Na adolescência ,passei a fazer os chamados "questionários" ,e passava para minhas colegas e amigas .Também gostava de escrever nos questionários que me pediam .É claro ,que , perdi muitos textos ,por que perdi, rasguei ou sumiram com o passar dos anos .Transcrevo aqui alguns textos de infância e datas em que escrevi ,que foi guardado com muito carinho pela minha tia -mãe....se recordar é viver ,amei rever esses textos :
Negra Dalila poesias

- Sou aposentada da saúde ,sempre escrevi pequenos textos e frases desde minha infância ,leitora ,apaixonada por viagens, escrevo tudo o que sinto ,acredito em Deus ,e espero realmente que o mundo seja um lugar realmente melhor pra viver!
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
🖊🖊Cresci escrevendo e lendo 🖊🖊
Descobri que desde muito cedo eu gostava de escrever ,mantinha diários na casa da minha tia ,na de meus pais e no internato .Odiava quando alguém ameaçava minha privacidade e lessem sem a minha permissão ,aliás ,nunca deixava ninguém ler eram secretos e a mim pertenciam .Na adolescência ,passei a fazer os chamados "questionários" ,e passava para minhas colegas e amigas .Também gostava de escrever nos questionários que me pediam .É claro ,que , perdi muitos textos ,por que perdi, rasguei ou sumiram com o passar dos anos .Transcrevo aqui alguns textos de infância e datas em que escrevi ,que foi guardado com muito carinho pela minha tia -mãe....se recordar é viver ,amei rever esses textos :
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
domingo, 15 de agosto de 2021
Sodoma e Gomorra em tempos atuais
A falta de empatia generalizada
Me desculpe quem discorda, mas vou fazer uma pausa no texto, pra refletir em que tempos vivemos. Que desamor, que falta de respeito. Onde cada um se importa somente com o seu umbigo e o resto do mundo que se dane. Neste período de pandemia ,onde deveríamos olhar ao outro , com um sentimento de irmandade e aceitar que são necessárias as medidas protetivas contra a Covid e que somente juntos conseguiremos vencer .Mas o que vimos, são pessoas que se aglomeram ,insistem em não utilizar máscaras e álcool gel debochando de quem se cuida .É um verdadeiro retrocesso, uma legítima Sodoma e Gomorra ,onde as pessoas não tem a capacidade de agir de forma idônea ,o sexo é banalizado, onde é bonito ser malandro , ladrão ou traficante ,e pessoas se matam por qualquer motivo ,matam crianças indefesas, esquecendo de nosso criador .Pessoas sem escrúpulos dão golpes de todas as formas possíveis ,escravos do dinheiro ,que em festas amontoadas de gente ,colocam em risco sua saúde e a saúde dos outros e por isso ,morrem pessoas ,que deveriam estar bem. Pessoas honestas ,trabalhadores que precisam sair pra sustentar sua família. É triste ver as pessoas se perdendo desta forma ,e questiono se seria possível a destruição deste mundo ,como foi em Sodoma e Gomorra ,e quem seria salvo pelos anjos de Deus, para refazer uma nova nação ou se na verdade, já ocorre esta destruição pela mãos de quem comete estas atitudes maléficas .É muita falta de Deus e falta de empatia .O vírus deveria ter inteligência suficiente ,pra separar o joio do trigo ,e evitar que pessoas boas morressem e levasse as que insistam ser perversas e que enquanto vivas só sabem ferir e cometer maldades.
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
domingo, 8 de agosto de 2021
quarta-feira, 4 de agosto de 2021
Os casarões na minha infância :Internato X Hospitais psiquiátricos 2
Parte 2 -Os hospitais psiquiátricos
Convivi com minha mãe sofrendo de doença mental ou crise de nervos ,assim era chamada a depressão na década de 70 e 80 .Com o passar dos anos ,já desconfiava quando minha mãe ia entrar em crise. Quando pequena ,não entendia por que me afastavam dela .Aprendi que se minha mãe ficasse muito quieta ou contrário ,muito agitada ,ela sofreria de mais uma crise em seguida .Me sentia culpada ,por que diziam que ela recaiu de mim .Queria protegê-la de internações ,mas tinha medo do que iria acontecer .A primeira crise que ela teve comigo em casa ,me fez feliz ,pois ela comprou uma estante para colocar os livros que tínhamos embaixo de um baú no sofá ,a casa ficaria mais organizada .Chegou com uma gaita ponto, falando alto ,rindo alto, parecia feliz .Meu pai a xingava e uma vizinha chamou minha tia, que a levou para o hospital psiquiátrico público ,ela teria comprado um carro ,e feito vexame em uma rádio local, precisou do atestado pra desfazer todas as compras .Nessa internação ,ela ficou alguns dias isolada ,sem permissão de visitas .Quis visitá-la ,fiquei ansiosa ao me deparar com aqueles prédios ,em sua maioria ,mal cuidado ,janelas gradeadas ,local muito sujo ,um pequeno jardim .Na ala "Anne Dias", um setor de mulheres ,vi várias pessoas nuas ,que falavam sozinhas ,descabeladas ,urinadas ,caminhando de um lado para o outro. Apavorada ,encontrei minha mãe ,num banco de madeira próxima á uma árvore ,com movimentos de corpo repetitivos ,indo pra frente e pra trás descontrolada .Mesmo com medo de não me reconhecer ,me aproximei ,vi seu olhar perdido ,sua voz baixa ,como numa tentativa de me reconhecer .Uma moça com seios á mostra me disse que haviam forçado o banho nela ,usavam uma mangueira de pressão com água fria ,para quem se negasse a tomar banho .Aquele ambiente pra mim era hostil ,nunca tinha visto ninguém nu antes ,queria sair correndo dali ,mas minha mãe me chamou pelo meu nome ,causando confusão na minha cabeça .Sentei a seu lado e nada disse ,ficamos assim até terminar a visita .Outra experiência terrível ,foi quando ,na minha pré adolescência ,ela teve uma crise que me usou como escudo para não interná-la .Porém ,me chamava de Juliana ,na cama me abraçava e declamava diversas poesias ,tinha muita facilidade de rimar versos ,me tratava com carinho ,mas uma comadre da minha mãe ,achou que eu corria risco de vida e chamou a polícia .A imagem era terrível ,pois eu queria ficar exatamente assim, recebendo todo o seu afeto ,ouvindo suas poesias e a policia querendo me tirar dali ,até que entraram em contato com minha tia e novamente internou ,porém num conhecido hospital de saúde mental particular .Achando que tudo não passava de um engano fui visitá-la depois de quinze dias longe dela .Num prédio com diversos andares ,separados por ala :femininas ,masculinas ,drogados ,suicidas .Encontrei com olhar parado ,pupilas dilatadas ,pouca comunicação ;não parecia ser minha mãe .E ao avistar uma paciente próxima perguntei o que havia acontecido ,ela me respondeu que ela havia tomado choque na noite anterior .A única frase que minha mãe conseguiu dizer foi :"me tira daqui" .Era o ano que completaria 15 anos ,e provavelmente ,não teria a presença dela ,nem sequer festa de debutante .Mas ao contrário do que imaginei ,meu pai junto as minhas tias ,conseguiram fazer uma festa ,e minha mãe foi liberada para ir .Foi um dia lindo ,pois conversei com minha mãe ,ela me aconselhou ,falou sobre futuros namorados ,sobre planos de faculdade ,tirando a bebida ,que pra variar meu pai bebeu muito ,foi uma festa encantadora ,vi todos unidos tias fazendo os salgados e doces da festa ,e felizes por minha mãe estar conosco .Festa acabada ,minha mãe retornou para o hospital conforme combinado e nunca mais pude ouvir mais nenhum conselho dela.
9.Os casarões na minha infância: Internato X hospitais psiquiátricos
Parte 1 :O internato
Eu tinha uma tia em segundo grau ,que era freira ,a irmã Paula, na congregação Nossa Senhora Aparecida .Meu contato com ela era restrito ,pois poucas vezes ficava na capital. Por intermédio dela, ganhei meia bolsa de estudos na Escola Rainha do Brasil ,e fui interna na congregação ,com a finalidade de ter uma boa educação ,neste local eu ficaria de segunda a sexta-feira ,só voltando pra casa aos finais de semanas e férias .Pra mim ,representava uma prisão educacional da qual eu não podia fugir .A congregação era um prédio lindíssimo atrás da escola ,um ar de prédio europeu ,a entrada principal era uma sala de espera ,muito bem mobiliada com móveis antigos ,e quadros com retratos de santos e freiras .A medida que adentrávamos no prédio descobria várias salas ,consultório ,escritórios, locais proibidos para internas ,porões ,absolutamente encerados ,lustrosos o chão ,tudo muito limpo ,cheirava a velho mas um odor agradável de avós, de antiguidade com naftalina .As irmãs(era assim que nós a chamávamos) tinham um ar de recatadas e submissas, mas ao mesmo tempo, algumas, me lembravam a bruxa má da Bela Adormecida .Achava que debaixo daquele hábito ,tinha alguém revoltada com a condição de solidão que se submetiam .O dormitório tinha umas cinquentas camas ao lado pequenos bidês dividiam uma cama da outra ;vários banheiros e chuveiros no vestiário ,uma grande pia ,com torneiras para escovação de dentes e uma pequena peça ,que servia de quarto para a irmã que nos cuidava a noite .Frequentemente essa irmã colocava num toca-discos pequeno , com músicas religiosas para que dormíssemos mais rápido .Era proibido pra nós mexermos ,ou entrar nesta peça .Haviam locais proibidos para internas percorrerem como os aposentos das demais religiosas ,o que fazia que acreditássemos que havia um túnel que unia o prédio do internato ao outro lado da rua ,onde havia o prédio de seminaristas masculinos e que as nossas freiras fossem pra lá á noite para namorar .Claro que isso era fruta da imaginação de menores muito criativas .A sala principal era linda ,haviam quadros ,tapetes ,e estátuas de santos e santas por todo o corredor que nos levava as escadas .Um andar acima um salão enorme ,eventualmente faziam recreação conosco ,ou aulas como : violão ,canto ,piano ,mas eventualmente era um salão de festas .Não me lembro de nenhuma festa naquele local ,a não ser o dia em que escolheram um pequeno grupo de meninas para encerar o chão ,eu estava neste grupo .Com os pequenos panos que nos ofereceram, brincamos de sentar em cima dos panos e uma puxar a outra até largar escorregando a que ficava sentada sobre o chão do salão ,mas esta festa não acabou bem ,pois umas das meninas mais "lentinha" ,acabou batendo de cara na parede e perdendo um dente ,foi castigo para todas ,inclusive da amiga recém desdentada. Fiz canto e odiava a didática da matéria ,gostava mesmo de cantar ,fazia de tudo para iniciarmos á prática .Descendo dois andares ,no térreo era o local do refeitório ,com suas mesas e cadeiras ás vezes separadas ,ou algumas vezes juntas como em um quartel interligada a ela ,uma enorme peça com uma pia de 3 cubas ,vários armários para guardar louças e panelas ,junto a uma grande cozinha com fogão industrial ,refrigeradores ,freezer ,uma despensa que só pessoas autorizadas podiam entrar .Nós mesmo lavávamos a nossas louças .Somente a preparação do alimento eram feitos por freiras e seminaristas ,por ser adultas .Havia banheiros neste andar ,junto á uma sala de estudos ,com uma linda biblioteca ,cujo a maioria dos títulos estava ligada a religião ,uma sala da coordenação do internato ,ligado a sala pedagógica que tinha muitos brinquedos como "gênius", "cinco marias" ,"varetas" e outros. Geralmente ,recebiam as internas na porta do refeitório ,e não pela porta central .Antes de qualquer refeição erámos obrigadas a rezar e a comer tudo .Era castigo na certa quem se recusava a comer ou deixar no prato .Descendo as escadas, no porão ,havia a lavanderia ,banheiro ,e uma quadra de esportes ao ar livre .Rente ao prédio inúmeras salinhas ,que usavam para aprender balé ,teoria de esportes ,e uma grande quantidade de materiais esportivos .Finalmente ,havia uma área enorme de terreno ,onde tinha plantações agrícolas ,árvores frutíferas ,que eram consumidas por todas nós ,flores e jardim .Por um determinado tempo ,meu pai foi o jardineiro dali ,foi muito difícil pra mim ,que além de ser a filha do jardineiro ,tinha bolsa de estudos para ali estar e a única menina da raça negra ,e isso me deu muitos problemas .No outro lado do terreno havia dois prédios :um com dois andares ,limítrofe a rua da escola ,onde estudavam alunos do ginasial e uma quadra de esportes coberta ,uma pequena pracinha com bancos e uma árvore ,uma cantina ao centro ,e abaixo uma pré escola com os estudantes infantil até quarta série .Todos os prédios separados com espaço suficiente para fazer as filas de entrada até a sala de aula. Na escola ,podiam frequentar meninos ,e alunas que não fossem do internato ,sendo esse nosso alento ,pra ver crianças comuns ,que não tinham tanto deveres ,como nós tínhamos .Conhecida por apelido de "internas". Não podíamos fazer nada de errado ,tínhamos que ser exemplo de boa educação ,era importante para angariar futuras internas ,era obrigatório tirar boas notas ,eu sempre me mantinha na média ,mas passava de série .Na época ,as pessoas me olhavam com pena ,inclusive as meninas do internato ,e não demorou muito pra mim começar a aprontar como forma de me defender ."a filha do jardineiro ",não podia gastar na cantina ,era muito quieta ,devia estar escondendo algo ,não tinha materiais escolares bonitos ,era pobre ,pegava piolhos...Na medida que crescia ,isso ia me revoltando ,e me juntava com as mais arteiras para fazer travessuras .O resultados eram castigos dos mais leves aos piores que haviam .Não me importava com esses castigos apesar de doloridos ,mas o que me deixou furiosa, foi o dia que uma seminarista disse que achou piolhos no meu cabelo e as irmã os cortaram muito baixinho ,o que me apelidaram de nega pixaim ,cabelo ninho de pássaro...Uma vez na sala de aula ,a professora me chamou atenção sobre um giz que atiraram nela ,fui acusada injustamente , arquei levando 20 palmatórias na mão para aprender a não fazer isso ,se por acaso , não conseguia escrever algo ,tinha que escrever 300 vezes até aprender na hora do recreio ,acabava ficando sem o lanche de 15 minutos. Já no internato, me juntei a Maria do Carmo ,ela era muito agitada , juntas ,amarramos os pijamas nas cabeceiras das camas das nossas inimigas ,na hora da escovação dos dentes ,para demorarem mais ao se vestir e a irmã dar um pito em cada .Na hora de dormir, formou-se a confusão ,pois havíamos trocados os pijamas das camas certas ,ficou fácil sermos castigadas ,passando a noite com o escovão lustrando as salas de todo internato ,pois as únicas com pijamas certos erámos nós. Pegamos bolinhos a mais no refeitório e escondemos pra comer depois ,dei um tapa no rosto de uma menina no porão ,logo depois da freira pedir pra fazer as pazes ,e os castigos geralmente eram :encerar o salão da festa ,passar o escovão a noite toda ,sem dormir no corredor de entrada(descobri o por quê aquele corredor era tão lustroso),ficar o final de semana sem ir para casa ,palmatória ,ajoelhar no milho ,chamarem os pais e expulsão por desobediência .Costumo dizer ,que a verdadeira educação que recebi foi do internato ,elas me ensinavam a ser obediente ao marido ,aprendi a coser ,bordar ,técnicas domésticas ,balé ,línguas ;mas da vida tive que aprender sozinha ,de ter opinião e ser corajosa foi uma forma de defesa.
terça-feira, 3 de agosto de 2021
8.A tia -mãe na minha vida
Minha tia, irmã mais velha da minha mãe, Rosa Maria ,tinha tido mais uma hemorragia uterina, mais uma perda de um feto, menos uma esperança de um (a) herdeiro(a) .Ela Ela é batalhadora e junto ao meu tio Orocildo faziam doces ,bolos e salgados ,além de manter um comércio de lanches e bebidas ,num local bem conceituado no centro da cidade. Ela sempre foi a orientadora das suas duas irmãs ,talvez por ser a mais velha, ou por ser a mais corajosa desde a adolescência, enfrentaram primos e primas com força ,toda vez que uma delas fossem discriminadas, passaram por muitos perrengues ,sozinhas, na cidade grande ,mas permaneciam unidas. Com todos os infortúnios que havia acontecido com meus pais no interior. As minhas tias , incentivaram minha mãe para que viessem para a cidade grande ,pois haveria realmente mais recursos nos hospitais .Acreditavam que poderiam também ajudar no que fosse possível tia Rosa ofereceu emprego no bar para minha mãe e tia mais nova ,desconheciam a violência que minha mãe passava com meu pai ,mas desconfiavam que acontecia. Ela foi sempre presente nas internações e recaídas de saúde de minha mãe. E eu amava estar com ela, pois eu podia ajudar no restaurante, na hora que ela fazia as encomendas, os passeios eram poucos e bons, deixava eu lambuzar os dedos com as guloseimas e experimentar os seus quitutes, o melhor presente natalino, ovo de páscoa ou de aniversário sempre vinha dela .Me sentia muito amada .Mas ela também sofria com o marido ,era uma mulher bonita ,que chamava atenção dos frequentadores do bar ,provocando involuntariamente ciúmes de meu tio ,que geralmente brigava com quem se atrevia a mexer com ela .Fui muito bem aceita por eles com um tratamento equivalente a filha, recebia atenção do meu tio Orocildo ,que apaixonado por criança ,e pela vontade de um dia vir a ter filhos ,me tratava com todos os mimos possível ,passeava comigo ,até brigava se alguém dissesse que eu era negrinha demais para ser sua filha .Minha mãe conseguiu o emprego de doméstica ,afinal ,precisava viver com sua família na cidade grande ,mas nesta casa não permitiam que criança acompanhasse ,então ela pediu que a minha tia me cuidasse ,que aceitou sem pestanejar ,pois já tinham um carinho muito grande por mim mesmo quando ela conseguiu engravidar e com dois anos de diferença ,nasceu meu primo ,Emerson .As cantigas da tia Rosa passou a ser para os dois ,mas não sei por que ,eu sempre me sentia mais da família dos Gonçalves ,do que da família Oliveira .Não via o meu primo como ameaça por ser menina .Ele era um bebezinho muito gordinho ,e lindo .Havia ,na época uma propaganda de perfumaria infantil ,com bebês gordinhos e fofinhos .O Emerson podia ser modelo desta marca por ter todos esses atributos .Ele adorava comer ,vivia beliscando uma coisa e outra ,nos bailes de carnaval sempre ganhava no quesito fantasia como rei momo ,e como eu o acompanhava o brilho dele me tornava especial ,já que eu era a amiga do menino rei momo ,ou seja ,me sentia a princesa do rei .Mas eu entendia que ele era o filho e por isso na nossa adolescência não fomos os melhores amigos ,ou confidentes ,sentia uma diferença de status e opiniões ,ás vezes nem eu sabia quem eu era ,se da vila ou do colégio particular ,se da mãe Julieta ou da tia mãe Rosa ,se meu irmão era o Daniel ,ou se podia considerar meu primo como irmão .A única coisa que não mudava era o tratamento carinhoso do meu tio e da tia ,que mesmo com muito trabalho ,sempre se preocupavam com a gente .Uma vez ,meu tio ,sócio do Cantegril ,quis levar a família para um pouco de lazer ,mas disseram pra ele que não poderia entrar comigo ,pois não havia documento que provasse que eu era filha dele. Então ele brigou muito, disse que não iria mais pagar as mensalidades de sócio , se eu não entrasse ,no final ,resolveram abrir uma exceção por ele ser um empresário bem quisto .Por outro lado ,no mesmo clube ,na pracinha ,sem querer me embalava com tamanha força ,que parecia que meus pés alcançariam as nuvens ,e meu primo correu por trás do meu balanço ,exatamente quando eu retomava o embalo ,batendo a ponta da tábua ,na testa dele, ferindo-o .Era muito sangue ,imediatamente meu tio ,nos pegou e correndo ,levou-o para o hospital ,seu desespero me angustiou ,e me senti culpada e temerosa que meu primo morresse ,chorei compulsivamente ,achando que meu tio jamais me perdoaria .Alguns pontos na testa depois ,meu primo se encontrava em casa ,e meus tios ,fazendo todas as vontades dele ,e eu respirava aliviada .O único registro que tenho que comecei deste cedo a escrever foi guardado com muito zelo pela minha tia Rosa Maria .Eu habitualmente escrevia um diário .Não lembro de escrever neste diário na casa dos meus pais ,ou na escola .Nem mesmo o nascimento de meu primo ,mudou a nossa relação sempre foi de muito amor .Gostava muito de meu primo ,não vou negar ,que estando com ele ,conseguia usufruir os mesmo luxos que meus tios proporcionavam. ,era felicidade sempre ,mas sempre voltava para meus pais ,ficava bem claro quem realmente era minha mãe e minha família. A situação da saúde de meu pai melhorava aos pouquinhos ,mas a vida pra minha era muito cansativa ,pois ela trabalhava em casa de família ,corria atender meu pai ,corria pra ver meu irmão e ainda saber de mim .Então teve a primeira "crise dos nervos" ,que levou ela a uma internação psiquiatra .Os médicos acreditavam que foi devido ao parto ,que possivelmente ela não devia ter se resguardado como devia ter feito ,devida a correria de sua vida ,ou seja, ela teria tido uma recaída tardia pós parto .Em cada "crise" que sofria eu ficava aos cuidados da minha tia .O pai precisava de cuidados ,e se mantinham com o beneficio oferecido pelo governo .Mas assim que o pai ficou de pé sozinho ,procurou os botecos e as bebidas ,enquanto minha mãe estava grávida novamente. Meu irmão mais novo Claudiomiro ,nome em homenagem do pai a um jogador do seu time o Internacional, nasceu saudável ,porém iniciou com diarreia e vômitos ainda bebê .Precisou internar e acabou indo a óbito .Na necropsia ,foi descoberto que ele era alérgico ao leite de vaca. Convivemos com a pouca presença dele por dois anos de vida ,pois ficou muito tempo internado .Mais uma internação de minha mãe ,devido ao óbito do filho. Mais uma vez eu passando os finais de semana na minha tia. Apelidei minha tia de tia-mãe ,pois conversava com mais naturalidade com ela, não tinha medo de perguntar nada, sabia que ela não iria me bater e sim me dizer o que era certo ,e seu marido era um grande homem, o achava forte ,respeitoso ,amigo e carinhoso. A ponto de achar que a tia ficava enciumada de nós ,mas era engraçado esse sentimento dela ,por que eu só era uma criança ,não tinha maldade no pensamento .Ele morreu muito cedo ,após uma cirurgia de varizes ,sua morte precoce fez com que pedisse muito a Deus pra não tirar ninguém ,pois perdia meu porto seguro ,e o medo da tia não me querer mais me apavorava .Na adolescência ,voltei a morar com ela .Foi uma fase de rebeldia e revolta ,ela foi muito corajosa de me aceitar nesta momento de vida .Diante a erros e acertos, também na fase adulta ,sempre pude contar com ela .Tia Rosa casou novamente, o que me fez sofrer muito e me afastei dela e de meu primo alguns anos depois enviuvou .Até hoje ,recorro a minha tia Rosa .Adoro sua alegria ,otimista ,o jeito de viver a vida ,as atitudes altruístas e o olhar cativante ,não envelhece ,enfim ,se tem uma mulher que amo ,tenho certeza que se chama Rosa Maria.
Associação Poemas á Flor da Pele -3 anos de muitas poesias
Ano 2021 Volume 15 Ano 2022 Volume 16 Ano 2023 Volume 17 Ano 2024 Volume 18 Em Portugal _Feira do livro de Lisboa

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Participei do e-book Mulher é pura poesia,com a poesia :Mundo Rosa.Baixem é curtam uma linda homenagem as mulheres. https://tertulias-comunn...