Negra Dalila poesias

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Sou aposentada da saúde ,sempre escrevi pequenos textos e frases desde minha infância ,leitora ,apaixonada por viagens, escrevo tudo o que sinto ,acredito em Deus ,e espero realmente que o mundo seja um lugar realmente melhor pra viver!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

➕ O POST MORTEN DE MINHA MÃE

 Minha mãe faleceu no dia 23 de dezembro .Na madrugada ,por volta das duas horas do dia 24 de dezembro ,fui reconhecer o corpo dela no hospital, acompanhada de minha tia mais nova. O local do morgue era sinistro ,muita escuridão após uma subida num gramado ,uma pequena peça nos fundos da área hospitalar ,com uma lâmpada ligada .Atrás de um balcão surge o funcionário com feições sonolentas ,indagando o nome da pessoa que iríamos reconhecer. Até então ,duvidava que era minha mãe ,ela havia prometido voltar pra casa. Mas ,não tinha como fugir e adentramos com o funcionário para sala dos refrigerados .Ao abrir a gaveta ,surge minha mãe :olhos fechados com a ajuda de esparadrapos ,boca arroxeadas com vestígio de sangue seco ,tez pálida ,cabeça coberta com atadura ,disfarçando o corte causado pela autopsia. Apesar do inchaço do rosto ,inacreditavelmente ,aquela era minha mãe. Saí dali impactada ,odiava o hospital psiquiátrico que a levou para morrer ,odiava aquele hospital que não conseguiu salvá-la ,"nunca mais colocaria meus pés naquele hospital" .Voltamos pra casa , minha tia e eu ,desnorteadas .Velamos minha mãe  no dia vinte e quatro de dezembro ,recebemos parte das freiras da congregação para nos apoiar ,mas haviam as vizinhas que a mal diziam pelas costas, encenado lágrimas de piedade ,enquanto em vida ,só trouxeram fofocas e preocupações para minha mãe. Esse cinismo fez com que saísse para  respirar ,fazer uma poesia e pensar nas coisas boas que podia ter feito junto com minha  mãe. Na tarde do  dia vinte e cinco de dezembro , aniversário do meu pai ,que ficou em casa por não poder caminhar  ,minha mãe foi enterrada  .Na véspera do natal ,enquanto muitas família se uniam  para comemorar, eu chorava no chuveiro ,sozinha em casa ,desconsertada com as comemorações com fogos de artifícios ,indagando a Deus ,por que o mundo era indiferente a minha dor. Com um pai acamado, necessitando de cuidados, um irmão no quartel que não ficava em casa e meu desespero de não saber nem como faria pra me alimentar no dia seguinte, pois meu pai não recebia salário pelo afastamento do trabalho ,eu queria ter morrido com ela.

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