👨‍👨‍👦Meus irmãos

 Tinha dois irmãos biológicos, um mais velho cinco anos; o Daniel, e um mais novo dois anos, o Claudiomiro ,já falecido. Fiquei sabendo que logo que minha mãe ganhou nosso irmão caçula, recaiu do seu parto. Ele viveu somente dois anos, sofria de desnutrição severa, e desidratação devido á um problema ainda não reconhecido pelo ministério da saúde ,que era a alergia ao leite de vaca .Ele praticamente não ficava muito em casa ,estava sempre internando para investigação do mal que o afligia .Claudiomiro, fez uma passagem muito rápida por nossas vidas. Nasceu saudável, gordinho ,numa época com mais recursos do que no ano que nasci mas alguns meses depois apresentou vômitos ,diarreia . Minha mãe tinha uma vida muito agitada pois trabalhava em três empregos, por tanto ,não amamentava ele ,deixando-o aos cuidados de uma vizinha ,a situação cada vez piorava ,ele passou a ser desnutrido ,desidratado mesmo hospitalizado, até que com dois anos de idade acabou falecendo. Com sua morte ,minha mãe passou a sofrer crises  dos nervos frequentes ,que fazia internar em hospitais psiquiátricos. Também considero  o meu primo Emerson, um irmão .Todos tinham uma coisa em comum em relação a mim : convivi muito pouco com  cada um deles ,seja devido ao internato ,pela morte precoce ,ou pela diferença financeira .O Daniel pra mim teve uma  infância sofrida, solitário ,preguiçoso por não querer estudar ,mas trabalhador desde pequeno .Vivia com os meninos da vila ,amava uma bicicleta que ganhou num dia das crianças da tia Rosa .Adorava soltar pipa ,jogar taco ,e ir na sanga nadar .Local onde as mulheres costumavam se encontrar para lavar suas roupa s,e cantarolar musicas .Uma vez ,fui junto e ao ver meu irmão nadar com tanta maestria ,achei que fosse fácil e me atirei na sanga sem saber o que fazer ,fui ficando desesperada com a água entrando no nariz e garganta ,e passei a me debater até achar um galho forte para me agarrar ,Senti uns puxões fortes no sentido contrário do galho ,enquanto mais e mais engolia a água ,até quase perder o fôlego e soltar o ramo ;então descobri que meu irmão me puxava para beira da sanga e vi que ao me agarrar no galho me mantinha no fundo da água ,e me afogava ,ou seja ,esta era uma das vezes que meu irmão me salvava .Meu irmão era um pequeno herói protetor ,uma vez  ao limpar o galinheiro que o pai mantinha nos fundos de casa, junto a patente(Pra quem não sabe era assim ,que era o banheiro ,em uma pecinha anexa a casa ,onde havia um buraco de mais ou menos uns cinco metros no solo ,onde faziam uma assento de madeira pra que pudéssemos sentar ,não havia descarga ,e as nossas eliminações ficava a vista, mas não possuía odor ,por que era um buraco muito fundo. Quando chegava numa determinada altura se fazia o buraco noutro lugar do pátio.) o nosso banheiro com a patente era bem grande suficiente para  guardar as ferramentas que precisasse e manter um bacia grande para que pudéssemos nos banhar. Além do galinheiro, havia o chiqueiro anexa á uma pequena horta com plantação de saladas ,aipim  e temperos .Meu irmão ,apanhava os ovos ,limpava o espaço, e caçava a galinha que minha mãe pedia ,e que provavelmente iria parar na panela, pois meu irmão era o único que o nosso galo "permitia" entrar, sem correr atrás. Incomodada por ser só ele a fazer esta tarefa ,resolvi encarar o galo ,mas levei um  corridão  de saída um esporão dele no meu calcanhar ,ferida ,aprendi a ficar  longe de galos . Daniel costumar buscar água na pipa ,seja pra nós ,como para os vizinhos ,mas o que ele mais gostava era ficar na rua com seus amigos ou andando de bicicleta .Já na sua adolescência adorava colocar som pelas festas do bairro ,tinha inúmeros LPs. Ele apanhava por defender a mãe ,não temia .Uma situação bem marcante de união de irmãos foi a vez que furtivamente fizemos pequenos furos em latas de leite condensado com pregos pequenos ,rente a parte de cima da lata ,e tomávamos todo o leite condensado ,quando minha mãe começou a abrir as latas para usar ,não havia nada. Como castigo ficamos o dia inteiro com "colares "de latinhas no pescoço, até pra ir no mercado .Quando a mãe morreu ,ele sempre elogiava a comida que eu fazia ,mesmo sabendo que eram horrorosa ,pois eu não sabia cozinhar. Aos dezoitos anos ,foi servir no quartel ,me deixando sozinha em casa com o pai ,principalmente nos finais de semana .Infelizmente ,era o período em que meu pai mais bebia .Anos mais tarde me convidava para sair juntos dançar nas "discoteques" da época. Mas após um envolvimento com uma "amiga madrasta ".A mesma , que de limpadora de casa ,passou por madrasta ,pois meu pai se iludia com ela ,e terminou como minha cunhada ,ele acabou indo morar com ela ,mais tarde ,na sua gravidez ,resolveu fazer uma casa no nosso  pátio para morar ,o que fez que eu me desentendesse com ela por sua ignorância, apesar de adorar meus sobrinhos e sobrinhas .O meu irmão, de coração e de alma ,o Emersom sempre foi muito inteligente ,gordinho ,simpático e meu espelho para o que eu queria ser na vida adulta .Trabalhador ,ajudava a tia no trabalho dela ,era nosso homem da casa ,mas procurava me deixar afastada de suas amizades ,Ás vezes  me sentia muito inferior a ele e fui me  afastando passei a me considerar a prima distante e não a amiga.